sexta-feira, fevereiro 27, 2009

no line on the horizon - primeiras impressões

ando há cerca de 15 dias às voltas com "no line on the horizon", o novo longa duração dos u2.

procurei resistir aos dramas e equívocos dos primeiros impactos. a idade vai-nos deixando mais prudentes... mas sinto-me agora com vontade de partilhar as minhas opiniões.

não é o melhor disco de sempre de u2, como a banda proclama;
não é o regresso à revolução ou à desconstrução das ideossincracias próprias da banda, mas é uma banda com mais de trinta anos de experiência a sair uma vez mais da sua zona "confortável" (onde estiveram desde 1998, após o suposto falhanço da experiência mais radical da sua carreira - pop);

esta será, porventura, a melhor definição de "no line on the horizon": fora da zona de "conforto".
é inovador sem ser experimental; é compacto sem ser conceptual; é profundo sem cair num abismo.
quem ouve não deixa de perceber imediatamente que se trata de u2. e isso não é, neste caso, um problema; pelo contrário, é sinal de maturidade e de identidade; porque não deixando de ser u2, é u2 em terrenos inovadores, arriscados e mais alternativos.
o teste do tempo dar-nos-á, seguramente, novas perspectivas sobre "no line on the horizon".

mas assim, para já, consigo dizer que se trata de um disco que só tem um paralelo na carreira da banda: "the unforgetable fire".
as sensações são muito semelhantes; a atmosfera é idêntica; o resultado é também ambicioso.
é um disco muito bom. alguns equívocos não permitem que, na minha opinião, seja um disco extraordinário.
mas talvez venha a mudar de opinião.

mais em detalhe:

no line on the horizon - já não víamos uma abertura assim desde zoo station; um dragão; canção para a xfm, a mtv 2 ou outro qualquer forum alternativo;
magnificent - a influência dos "the killers"; pop rock dançável, refrao orelhudo, numa canção orelhuda formatada para os estádios;
moment of surrender - supostamente é a pedra basilar deste disco; mais de sete minutos de soul e gospel, com travo a pink floyd; atmosférico e espacial; difícil degustação; ainda não lhe defini o sabor;
unknown caller - lemon "meets" dirty day "meets" brian eno; intemporal; brilhante; arrojado; para mim, é a primeira grande canção do disco;
i'll go crazy if i don't go crazy tonight - uma espécie de "walk on"; para as rádios; contemporâneo de "all that you can't leave behind" e "how to dismantle an atomic bomb"; dispensava-se...
get on your boots - um monstro que cresce em cada audição; elvis costello "vs" discotheque; não é um retrato fiel do disco, mas é um bom exemplo dos terrenos em que o disco se move;
stand up comedy - influência de "led zeppelin" e "the who"; rock n' roll com groove r n' b; outra para os estádios;
fez/being born - o momento "eno" mais evidente; fica a sensação que podia ir mais longe;
white as snow - o paralelismo mais evidente será "the first time", de zooropa; grande canção;
breathe - eno diz que é a melhor canção em que alguma vez trabalhou; será, seguramente, um exagero; mas é uma bela canção, que primeiro se estranha e depois se entranha;
cedars of lebanon - o regresso dos u2 aos grandes encerramentos, na senda de "40", "mlk", "mothers of the disappeared", "all i want is you", "love is blindness", "the wanderer" ou "wake up dead men"; uma das melhores canções do disco, com bono e encarnar um correspondente de guerra, que nos sussurra os tormentos da sua vida.

1 comentário:

Amine disse...

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